O ano sem camisola principal listada

No fim da época 2023/24 o Sporting apresentou em jogo uma nova camisola, listada preto-verde-branco, e disse que era a camisola principal da época seguinte, 2024/25. Disse ainda que era uma homenagem a Francisco Stromp. O verdebranco é incapaz de compreender o que é que uma camisola tri-listada e tri-color tem a ver com o Stromp, mas talvez seja por termos visto dezenas de milhares de fotos do Sporting; se calhar estamos enganados.

Isto levantou muita discussão, com alguns sportinguistas a dizer que isto atentava contra a história e identidade do Clube. Outros fizeram notar que as vendas bateram todos os recordes, o que beneficiava o Sporting. E outros disseram outras coisas.

Vamos aqui separar as águas, porque nos parece que o problema é que são muitos assuntos misturados. Vamos então discutir um por um.

Primeiro, há pessoas que, na boa tradição nacional dos velhos do Restelo, discordam de tudo e todos. É necessário não deixar a discussão ser açambarcada por este grupo, por isso passamos à frente.

Há uma questão comercial – esta camisola começou logo a vender muito bem e continuou a vender, e o Sporting a ganhar com isso, o que é excelente. Até agora, estas originalidades tinham sempre sido reservadas para os equipamentos alternativos. Mas venda é venda.

Há uma questão de gosto – uns (como o verdebranco) acham a camisola bonita, outros feia, outros outra coisa qualquer. Não vamos discutir gostos.

Depois, no fundo, o Sporting foi campeão, e está numa fase muito boa. Isso faz com que muitos adeptos comuns comprem camisolas, e podiam ser completamente diferentes que, desde que tivessem o emblema ao peito, comprariam na mesma. O facto de ser Nike, uma das marcas mais prestigiadas do mundo, ajuda.

No entanto, há também uma questão de identidade, que não tem nada a ver com as questões anteriores: isto não pode ser uma camisola principal do Sporting. São quase cem anos, desde 1928, que as nossas camisolas principais são listadas verde brancas. Poder-se-ia conceber uma época em que a Stromp, principal entre 1908 e 1928, fosse considerada a principal. Ou então voltar à original de 1906, que era toda branca. Aliás, mais valia terem dito que a camisola alternativa branca "de homenagem à conquista da Taça das Taças" é a camisola principal, em homenagem à fundação em 1906, e que esta seria uma alternativa em homenagem a Stromp. Tal como está, não é discutível que esta camisola viola a nossa identidade: viola mesmo, independentemente da receita alcançada ou de ser bonita.

Já agora, há ainda quem diga que esta camisola atenta contra os Estatutos do Sporting. Não é verdade. Desde 1996 que os Estatutos estipulam apenas que "o equipamento a envergar pelos atletas deve adoptar, em princípio, as cores tradicionais do Clube". Nada mais, e apenas em princípio, podendo portanto eventualmente usar-se qualquer outra cor - por exemplo, uma camisola principal vermelha ou às riscas verticas azuis e brancas não estaria contra os Estatutos - mas seria um absurdo.

Em resumo, o verdebranco considera que em 2024/25 não houve camisola principal.